sábado, 14 de junho de 2025

Hoje eu só te beijaria


Hoje eu te beijaria
Na cama, na cozinha, no sofá, na sacada
Num barzinho qualquer, numa esquina calada
Na escada do prédio, sem medo, sem pudor
Só pra sentir teu cheiro, teu gosto, teu calor

Te beijaria sem pressa, sem hora, sem direção
De olhos fechados, sem freio, sem razão
Até ouvindo uma dessas músicas ruins que você toca
Mas que, perto de você, nem soa tão fora de nota

Te beijaria na chuva, nesse frio que corta
Na janela, na porta, na rua, na tua rota
Na boca, no queixo, no pescoço, na mão
No peito, no ombro, no teu corpo, no chão

Nos teus dedos, das tuas costas, até o pé
Com vontade, com desejo, com sede, com fé
Te beijaria incansavelmente, delicado e safado
No teu colo, na tua coxa, num beijo molhado

Domingo, segunda, terça... qualquer dia da semana
De manhã, no meio da tarde ou no fim da madrugada insana
Hoje mais do que nunca, sem dúvida e sem engano
Eu só queria te beijar... sem pensar no amanhã, nem no ano

Te beijaria agora, te beijaria sem fim
Pena que você desistiu de mim
E o que eu mais queria, pra ser sincera
É que você quisesse me beijar também... assim

domingo, 8 de junho de 2025

Aquele dos 39 aos 39

Sim.

Foram 39.
Não são números,
são capítulos.
Alguns com início, meio e fim.
Outros, só parágrafo raso,
beijo rápido, corpo quente
e silêncio no dia seguinte.

Teve amor verdadeiro — poucos.
Paixões que incendiaram tudo em mim,
e outras que mal acenderam a luz do quarto.
Teve erro, teve riso, teve medo.
Mas nenhum deles ficou.
Nenhum me escolheu pra ser casa.

E por mais que doa admitir,
acho que não era ele.
Nenhum era.
Porque eu sei que quando for,
vai ser inteiro.
E eu não vou mais implorar presença
nem precisar me fazer pequena
pra caber em espaço nenhum.

Meu Deus, como eu quero ser cuidada!
Só isso.
Alguém que veja em mim o abrigo
e não só a aventura.
Que fique pra jantar,
que ouça minha bagunça interna
e queira arrumar comigo.

Cansei de ser sempre quem cuida.
De carregar o amor nas costas
e receber metades como troco.

Eu sonhei a vida toda
com uma família que fosse minha.
Um lar com cheiro de café
e promessas que não somem pela manhã.

E talvez, só talvez,
a minha felicidade completa
more nesse “ainda não”.
Nesse amor que ainda vem.
Nesse alguém que, por enquanto,
tá aprendendo a me encontrar.

E quem sabe... seja o 40.


sexta-feira, 6 de junho de 2025

Cardápio de Gente

Vivem de stories,

escolhem corações como quem desliza no menu:

“esse aqui é bonito,

mas o da direita parece mais novo.”

Geração fast-love,

que ama em 4G,

goza em alta velocidade

e foge do download emocional.


Tem medo do “olhar nos olhos”

e pavor de vínculos estáveis.

Se apaixonar virou erro de sistema,

envolvimento, vírus.

Melhor manter o antivírus atualizado

e o coração offline.


“Se tenho tantas opções,

por que escolher uma só?”

É assim que viram colecionadores de corpos,

mas acumuladores de vazios.

Deitam com muitos,

mas dormem sozinhos.


Enquanto isso,

as pessoas que amam de verdade

vão sendo deixadas pra depois...

Como se sentir demais fosse desespero,

como se querer presença fosse carência,

como se ser intenso fosse defeito.


Mas um dia,

essa geração que vive pulando corações

vai sentir falta daquele que ficou.

Daquele que queria ficar.

E talvez descubra tarde demais

que não se encontra amor

no meio de um cardápio.