Thiago chegou devagar,
como quem sempre esteve ali,
entre uma rotina apressada
e o silêncio atento
de quem repara no que ninguém vê.
Família no peito,
trabalho nas mãos,
generosidade no jeito,
e uma teimosia mansa
daquelas que cuidam,
não que empurram.
A gente se cruzou na academia
num desses dias em que a vida muda a rota
sem avisar.
Eu sem emprego,
ele no dele,
e o acaso fazendo o papel dele direitinho.
Seguimos pelas redes,
como quem caminha pela mesma rua
sem se dar conta.
Conversa vai, conversa vem,
e a conexão crescendo
como se já existisse antes de existir.
Nosso primeiro encontro foi simples,
do jeito que somos.
Eu de farda,
ele do jeito que estava,
sem ensaios, sem frescura.
Nos cumprimentamos beijando,
como se o beijo fosse casa
e ali fosse o lugar certo de estar.
Raridade,
essas coisas que acontecem
no tempo exato que precisam acontecer.
Quando ele me disse
que já me via desde a época da escola
a paty do Fênix,
perguntei por que nunca chegou perto.
Ele disse que eu parecia distante demais.
Bobo…
O destino só estava alinhando tudo
do jeito dele.
Hoje estamos aqui,
leves, parceiros, presentes,
contando tudo um ao outro,
sentindo saudade em um dia
como se fosse um mês.
E aquele clichê que muita gente repete
como se fosse só frase feita,
mas que a gente sente de verdade:
parece mesmo que a vida estava me preparando pra você.
Com ele faz sentido,
como destino escrito
no ritmo certo do coração.